Enegrecida crista escarpada Onde o sol não toca Nem revela o mortal obstáculo. Enrigecido músculo viril A mão apalpa a pedra E escala a encosta serrilhada Com mil pedras pontiagudas Suor no rosto Um bela face Só mais um rito Como já gritei anos antes Hoje eu repito "Ainda estou vivo" E bebo esse pulso negro Que me alimenta E chamo de irmão! O sol não toca, E me revelo por conta própria Seguindo um destino que avança Galopando um cavalo renegado Em frenesi Em conexão ancestral Com o que eu digo que é meu Mas não me pertenceu Nem deve pertencer Assim eu mantenho-me livre Mergulho nesse inferno Bebendo essa fonte obscura Que me alimenta E que chamo de pai. Assim eu repito "Ainda estou vivo" Curvado em reverência Diante da cotidiana onipotência Que está em torno de mim De forma explosiva De modo harmônico Em seus contrários Pretextos pra seguir seu rumo Galopando o corcel renegado Nas asas dos seus sentimentos Que o sol não toca Nem queima O pulso soturno Que me alime